O PICK NICK, (2ª parte)
(1ª continuaçõn)
-Ah!, que raio de grnhfz rtzhgd nghbdz…
-Qu’équetás p’ráí a dizer, Alfredo? Gritou a D.Dores enquanto despinhava as calças, junto à mesa-cobertor.
-Ond’éque tá o Toninho? Se apanho apanho aquele sacana parto-lhe as trombas àquele filha da …
-Alfredo!!! Vê lá o que vais dizer; olha que eu não sou nenhuma dessas que tu conheces lá nem sei donde. Sabes bem de quem ele é filho…
-Deixa-te de merdas. Esse gajo atirou-me uma pedra à cabeça e até sangue estou a deitar.
-Coitada da criança, táp’rálí a brincar com outros miúdos na beira da lagoa; bem quer ele saber do que tu tás a fazer. Ora deixa-me lá ver esse grande desastre…
-Pois, se fosse na tua carola não lhe chamavas assim…, porra qu’esta merda doi que se farta.
Levantando-se a custo, a barriga pesada e a digestão interrompida, aproximou-se da D.Dores e curvando-se “à frente” mostrou-lhe a careca donde o sangue pingava de três ou quatro pequenos golpes, tantos quantos os bicos da pinha que lhe tinha acertado “na pinha”.
A D.dores, ainda um pouco inclinada e segurando as calças espinhadas, mirou-lhe a careca e desabafa:
-É só isso!? Até parecia que estava a morrer, homem! Vai à lagoa lavar a cabeça que isso não é nada. Levaste com uma pinha na mona, foi o que foi. Olha, espera aí que tens aqui uns pinhões pegados, que se podem aproveitar…
-Vai à merda mais os pinhões, respondeu o Alfredo encaminhando-se para a margam da lagoa levando alternadamente a mão à cabeça e mirando os dedos sujos de sangue.
Não estava bem certo do melhor local para lavar a careca e também não se deu ao trabalho de escolher; foi quase em linha recta e chegado à margem inclinou-se para molhar o lenço de riscas brancas e vermelhas; não chegou a completar o movimento porque os ténis (que não eram de marca), deslizaram rápida e subitamente arrastando o Alfredo em toda a sua totalidade para dentro da água: splashshshsh!
-Grblll, brlll ò Dorbllles, chibllça, rais partam esta merda toda, gritou o Alfredo sentado na lagoa com água até por cima da enorme barriga, bem na base do bolso da camisa de onde assomava, completamente molhado, o maço de cigarros; do isqueiro usar-deitar-fora nem rasto; tinha-se afogado! Uma pena, pois não só era novo como ostentava o emblema do glorioso…
A D.Dores sentada no chão e agarrada à própria barriga, não conseguia mecher-se nem deixar de rir com sonoras gargalhadas à mistura com alguns peidos, vendo o Alfredo meio submerso, meio coberto de água e lama, ao mesmo tempo que pensava: ‘inda bem que já tinha mijado, senão…, e ria-se, e ria-se…, e peidava-se, e ria-se…, ai que ‘inda me dá uma coisa…
Toda a gente acorreu à margem de lagoa, rindo ruidosamente, em especial a criançada que conseguia, inesperadamente, um novo e bom motivo de diversão e que, inconscientemente, já sabiam ser para durar o resto da tarde e mesmo da noite, em casa, onde não faltariam referências ao acontecimento nem relatos do mesmo à vizinhança e amigos que não o presenciaram.
Alguns dos adultos já idealizavam o melhor relato que poderiam fazer aos colegas quando a segunda-feira voltassem ao trabalho.
-Eh pá, nem sabes o que aconteceu ontem; fui ...
(continua)