TRÊS REBUÇADOS
Quando acordei naquela manhã de Natal, já acordei a pensar nos presentes que iria receber!
Não acreditava no Pai Natal!
Não porque fosse mais esperto e sabido, mas porque em anos anteriores tinha visto que os brinquedos que entravam em casa pelas mãos da minha mãe, na manhã seguinte estavam à minha espera na chaminé!
Dizia: acordei a pensar nas prendas que iria receber e, ainda descalço, corri para fora do quarto, saltei os dois degraus de acesso à cozinha e “atirei-me” à chaminé de braços estendidos e olhos esbugalhados, tentando ver tudo de um só vislumbre.
Esforço exagerado…!
Na chaminé havia somente um sapato: o meu!
E no meu sapato estavam três (3) rebuçados que a minha velhinha tia Isabel (que foi mais avó do que tia), tinha comprado na véspera despendendo um tostão o que naquele tempo representava algum “esbanjamento”!
Nada de brinquedos, nem chocolates, nem de outras coisas bonitas e brilhantes que as crianças sempre sonham receber.
Ainda me lembro da minha desilusão!
Ainda me lembro de não saber se deveria ou não comer aqueles rebuçados, cada um deles embrulhado num papel esverdeado e transparente;
Ainda me lembro de pensar que eu não merecia um presente tão mixuruco.
Mas é precisamente ESTE PRESENTE o primeiro que me vem à memória quando penso em presentes de Natal...