DOMINGO em CASA
Estou em casa, na sala e sentado no sofá assistindo a um filme desinteressante que a televisão transmite.
Prometi-me ir ao teatro da Malaposta/Odivelas ver a exposição fotográfica da Fernanda Carvalho; mas hoje não! Não estou com pachorra e está uma ventania do caraças.
Como a exposição se mantêm até dia 15…!
Também não me apetece continuar a leitura e nesta meia preguicite vou imaginado que:
Silenciosamente despi-me e com o pijama vestido deitei-me cuidadosamente tentando não te perturbar.
O maldito colchão não colaborou; todas as molas “gritaram” em simultâneo anunciando a minha chegada. Pelo menos foi isso que me pareceu.
Mas ainda assim tu não acordaste, mantendo o baixar e o levantar do peito conforme respiravas, calmamente.
Já completamente deitado e com a cabeça sobre a almofada, enchi os pulmões ao máximo e expirei lentamente tentando libertar o stress e a ansiedade do chegar de madrugada.
Movimentei-me para junto de ti, pondo sobre o teu corpo o meu braço esquerdo assim como que num meio abraço, de modo a que ficasses sentada em mim.
O teu perfume, aquele perfume de que nunca sei o nome, envolveu-me tal como os teus cabelos que cobriam a tua almofada.
Senti-te, mais do que ouvi, gemer; um gemido doce, terno, quase como um beijo, e num movimento lento rodaste o corpo, voltaste-te para mim retribuindo aquele abraço e antes de descansares a cabeça no meu ombro beijaste-me nos lábios, num beijo que nem foi verdadeiramente beijo; foi um arremedo de beijo, daqueles que se dão quando o sono é maior que a nossa vontade. Mas ainda assim um beijo; um beijo com sabor a ti.
Olhando-te no escuro daquele quarto, aninhada no meu peito, soube mais uma vez que a minha felicidade és tu!
Dormimos abraçados pelo resto da noite.
Subitamente fui acordado com um abanão enquanto me dizias:
-Zé, acorda! Adormeceste no sofá! Vá lá, acorda que são quase horas de jantar…