NUM DIA DE INVERNO...
Despi-me lentamente e deitei-me tentando não te perturbar.
O maldito colchão não colaborou; todas as molas “gritaram” num doing-doing simultâneo anunciando a minha chegada.
Mas ainda assim tu não acordaste; o teu respirar manteve-se calmo e cadenciado.
Já completamente deitado e com a cabeça sobre a almofada, enchi os pulmões ao máximo e expirei lentamente tentando libertar o stress e a ansiedade do deitar sem te acordar.
Movimentei-me para junto de ti, pondo sobre o teu corpo o meu braço esquerdo assim como que num meio abraço, de modo a que ficasses sentada em mim.
O teu perfume, aquele perfume de que nunca sei o nome, envolveu-me tal como odor dos teus cabelos descansando na tua almofada.
Senti-te, mais do que ouvi, gemer; um gemido doce, terno, carinhoso, e num movimento lento rodaste o corpo, voltaste-te para mim retribuindo aquele abraço e antes de descansares a cabeça no meu ombro beijaste-me nos lábios, num beijo que nem foi verdadeiramente beijo; foi um arremedo de beijo, daqueles que se dão quando o sono é maior que a nossa vontade. Mas ainda assim um beijo; um beijo com sabor a ti.
Dormimos abraçados pelo resto da noite.
Acordei com ela a chamar-me:
-Zé..., Zé...
-hum...
-Zé..., Zé!!
-Hum?
-Acorda!, vamos jantar!
-Ahn??
-Vá lá..., adormeceste no sofá; levanta-te de uma vez; o jantar está na mesa!
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